Um menininho de 2 anos e 8 meses por pouco não perdeu o pé esquerdo por causa de uma brincadeira perigosa. Há cerca de uma semana, no dia 21 de janeiro, Davi chegava em casa com a mãe, Karina Lopes, no bairro Tangará, quando outra criança puxava a linha da pipa para empiná-la. Nesse momento - foi tudo muito rápido, segundo a mãe - ela tentou desviar da linha que era puxada, junto com o filho, mas não deu tempo: a linha cortou a perna dela e quase decepou o pezinho do garoto. Quando a mãe olhou o ferimento, de imediato percebeu a gravidade do acidente: o pé da criança estava "pendurado", com o ossinho à mostra e saía muito sangue. Ela socorreu o filho e levou para o hospital. Nenhum responsável pela outra criança - que brincava com a pipa - acompanhou ou ofereceu ajuda, segundo Karina.
Davi passou por uma cirurgia de quatro horas no hospital Santa Izabel: a linha destruiu artérias e músculos e, segundo a mãe do menino, a operação não foi suficiente para reconstruir tudo que foi danificado e o menino ainda terá uma longa etapa de recuperação, com trocas de curativos a cada dois dias e terá que fazer fisioterapia por tempo ainda não determinado.
Traumatizada, Karina disse que agora o filho - que era super ativo, "vivia correndo para todo lado e me deixava doida, vai ficar por muito tempo deitado".
"Não posso sair um minuto de perto do meu filho que ele chora, grita... uma criança que me deixava doida maluca, que corria de lá para cá, agora vai ficar por muito tempo deitado. Quero nesse momento mais uma vez agradecer ao meu Deus, o meu senhor Jesus por todos os livramentos, por suas mãos estendidas sempre sobre mim, meus filhos, família, amigos. Quero agradecer pelas orações e pensamentos positivos de amigos e familiares. Quero pedir ajuda de todos para que possamos acabar de vez com essa arma que é a linha chilena", apelou Karina.
Ela registrou o boletim de ocorrência, somente nesta segunda-feira (29), na delegacia de Cabo Frio (126ª DP). E, segundo a própria Karina, foi informada que "provavelmente não iria dar em nada", por conta do flagrante ter expirado.
"Gente, Deus não permitiu que uma hora dessas eu estaria chorando a morte do meu filho. O pai que tinha comprado a linha chilena para a criança que ia soltar a pipa até hoje não me procurou nem sequer me ligou para pedir desculpas ou saber como meu filho está", desabafou Karina.
O QUE DIZ A LEI - VENDA DE SUBSTÂNCIAS QUE COMPÕEM CEROL E LINHA CHILENA SÃO PROIBIDAS
A venda de substâncias que compõem o cerol, como vidro moído e cola, e a linha chilena (linha encerada com quartzo moído, algodão e óxido de alumínio) estão proibidas no estado. É o que determina a Lei 7.784/17, dos deputados Bebeto (PDT) e Dionísio Lins (PP), sancionada pelo governador Luiz Fernando Pezão em novembro do ano passado.
De acordo com o texto, qualquer produto que possua elementos cortantes utilizados para soltar pipas está proibido. Os estabelecimentos que descumprirem a nova norma poderá sofrer sanções previstas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).
A medida revoga as leis 3.278/99 e 2.111/93, que, respectivamente, proibiam o uso de linha cortante e do cerol, mas não especificavam a composição desses produtos.
A medida definiu, ainda, que o Poder Público deve promover campanhas de conscientização sobre os riscos das linhas durante os meses de férias escolares.
