Em um dos seus contundentes discursos ao visitar o Brasil, o Papa Francisco alertou a sociedade que devemos cuidar, com maior zelo e dedicação, dos dois lados opostos da linha da vida: as crianças e os idosos.
Tendo em mente, especialmente, a atenção que convém dispensar a quem ainda possui o que oferecer em termos de trabalho e produção, apesar dos preconceitos existentes no que tange à idade provecta, dei entrada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no projeto de lei que institui incentivo fiscal às empresas contratantes de trabalhadores na terceira idade — com o evidente objetivo de estimular a inserção dos idosos no mercado de trabalho e capacitação profissional.
A faixa de idosos da população brasileira passou por significativo aumento no Brasil e, ao mesmo tempo, houve crescimento da projeção da expectativa de vida e consequente força de trabalho oferecida pela terceira idade. O número de pessoas entre 50 e 64 anos no mercado formal de trabalho cresceu cerca de 30% entre 2010 e 2015. Também, nesse mesmo período, foi registrado expressivo crescimento de quase 59% na participação de trabalhadores com mais de 65 anos.
É imprescindível trazer à pauta do nosso planejamento um programa de políticas públicas que atendam às necessidades da terceira idade, assim como criar mecanismos para que esse público tenha uma velhice digna, a fim de que sejam evitados fatores de desestruturação social advindos do aumento de demandas na área da saúde e assistência social.
Ser idoso não significa ser improdutivo. Nem incapaz. Ser idoso, ao contrário, pode significar ser experiente, oferecendo mão de obra qualificada e dignificada pelo tempo. Sim, talvez seja exatamente essa a melhor qualificação para trabalhadores idosos, aos quais queremos abrir oportunidades de atuação e produção: são aqueles que foram dignificados pelo tempo.
Pode existir mão de obra mais qualificada do que aquela que a experiência consagra? Temos que valorizar e inserir no mercado de trabalho aqueles que já cuidaram de nós e podem ajudar ainda mais.
*Marcia Jeovani é deputada estadual na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), ex-primeira-dama de Araruama e empresária. Muito atuante na Alerj, faz parte das comissões de Defesa dos Direitos da Mulher, de Saúde, de Obras Públicas, da Pessoa com Deficiência, Assuntos da Criança, Adolescente e Idoso, Cultura e Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira.